Todos receberam de Deus habilidades específicas
independente da raça, credo e posição social. Referimo-nos a estas habilidades
e aptidões através das palavras dom e
talento. A palavra talento na verdade
é uma medida de peso que equivale a 35kg de prata que correspondia a
aproximadamente 20 anos de prestação de serviços de um soldado romano e ficou
difundida pelo significado na língua portuguesa que conhecemos hoje justamente
pela parábola dos talentos (Mt 25:14-30). Já a palavra dom que é traduzida como
gift (presente) na versão inglesa e é
proveniente do grego charisma tem como
signo maior dom da graça divina e favor que alguém recebe sem qualquer mérito
próprio (Strong).
No contexto bíblico pode-se concluir que recebemos de
Deus “presentes” que podem ser de natureza material e também imaterial
(capacidade intelectual, artística, dons espirituais e etc.). Como cristãos
devemos entender ainda que estes dons e talentos devem ser utilizados para
engrandecer aquele que com tais dádivas nos agraciou. Segundo o âmbito das
Sagradas Escrituras ao cristão cabe empregá-los com o objetivo de edificação e
desenvolvimento da igreja de Cristo (1Co 12:7).
Não é objeto desta breve reflexão, mas vale um
parêntese para ressaltar que até mesmo o pecador mais contumaz também recebeu
de Deus habilidades, autoridade e responsabilidades específicas, pois do
Criador provém todas as coisas e ninguém pode receber qualquer coisa se do alto
não for dado (Jo 3:27). Podemos exemplificar isto através do Faraó na narrativa
que precede o êxodo da nação hebraica (Ex 9:16), de Nabucodonosor (Jr 25:8,9) e
de todas as autoridades que são instituídas através da providência divina (Rm
13:1) como exemplo podemos citar Pôncio Pilatos e Herodes (At 4:27-28), contudo
a grande maioria não recebeu a Jesus Cristo como Senhor e Salvador.
No entanto como deve ser o proceder diante de tão
grande favor recebido, seja ele material ou imaterial, aos que confessam a
Jesus Cristo como Senhor e Salvador? Será que posso escolher não engrandecer
àquele que me concedeu habilidades únicas? Será que este serviço pode ser
entendido como voluntario como tanto ouvimos? Será que sendo filho de Deus,
regenerado, nova criatura em Cristo tenho a opção de não servi-lo, seja dentro
ou fora do local onde reunimo-nos sob a alcunha de uma placa denominacional?
Particularmente prefiro não utilizar a expressão serviço
voluntário, pois traz a idéia de que é facultativa a utilização daquilo que
recebi do Senhor para auxiliar o crescimento de Sua igreja. Entendo que todo
aquele que foi escolhido, eleito e predestinado pelo Senhor é obrigado, em
amor, a usar tudo o que tem e é para cumprir o seu chamado através da graça e
capacitação cotidiana do Espírito Santo, tendo sempre em mente que a obra mais
excelente que podemos fazer e que é aquela para qual o Senhor nos criou pela
sua graça, amor e sabedoria infinitos.
Deve estar também claro em nosso entendimento que não
há o mais ou menos importante para Cristo, pois todos somos importantes no
corpo (1Co 12:12-28), apesar das nuances entre membros, a igreja de Cristo só é
completa em sua diversidade para que todas as funções sejam plenamente
satisfeitas. Contudo somos levados a avaliar a importância dos ministérios
(ofício, serviço) segundo a ótica humana e seus valores relativizados conforme
convém as circunstâncias.
Assim como o apóstolo Paulo foi escolhido e chamado a
pregar o evangelho (At 9:15) também fomos chamados a realizar algum ofício na
igreja de Cristo, para que haja crescimento e edificação (Ef 4:16), lembre-se
todos são importantes. Contudo devemos ter em mente o próprio apóstolo Paulo
quando afirmou que não deveria se gloriar de nada, pois sem Deus nada podemos
fazer, e que se ele foi chamado para pregar era isto que ele deveria fazer e “ai dele se não pregasse o evangelho”
(1Co 9:16).
Tenho receio de pessoas reticentes e negligentes para
assumir e desenvolver qualquer tipo de serviço ou assistência na e para a igreja
de Cristo, como disse dentro ou fora dos “Edifícios Sagrados”, pois temo que
aquele que persiste em não colaborar para edificação daquilo que faz parte
ainda não tenha passado pela regeneração, ou seja, verdadeiramente uma nova
criatura em Cristo, já que na parábola dos talentos aquele que o enterrou não
entrou para o gozo do seu senhor e foi lançado fora, nas trevas, onde haveria
choro e ranger de dentes (Mt 25:30).
Não enterre os seus talentos, antes busque transbordar
do pleno conhecimento da vontade de Deus, sempre com humildade (Rm 12:3) para
cumprir aquilo pelo qual o Senhor te chamou, habilitou e continua capacitando,
tendo sempre a consciência de dependência total do seu Espírito Santo para
frutificar em toda boa obra e continuar crescendo no pleno conhecimento daquele
que lhe criou (Cl 1:9-12).
Saudações em Cristo,
Cláudio Maranhão
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