Não temas

“O Grito” Edvard Munch, Óleo sobre tela

A confiança em Deus pode nos colocar num patamar acima de todo temor e ansiedade no porvir. Constantemente somos oprimidos por situações criadas pelo nosso imaginário, devido a nossa alta capacidade criativa, e lá, muitas vezes apenas lá, pois pela misericórdia de Deus muitos dos nossos temores não se tornam realidade. Contudo as preocupações são capazes de tirar a nossa paz, podem nos deixar doentes além de tirar o foco naquilo que é real, necessário e importante.

Estamos nesta terra por um breve momento, somos como a neblina (Tg 4:14), tenhamos em mente o não perder tempo e energia para cumprir o nosso propósito, nossa missão, àquela que nos fora confiada por Deus para sua honra e glória. Infelizmente prestamos muita atenção no que está ao redor, na periferia e não no cerne, desta forma perdemos tempo com questionamentos diversos e infrutíferos. Dou graças a Deus porque muito dos quadros críticos que pintei, em sua imensa maioria, nunca saíram do meu imaginário. Passei sim por situações indesejáveis, também sei que foram apenas algumas das muitas pelas quais terei que passar, pois através delas o Senhor trabalhou em meu caráter (Rm 5:3,4). Contudo freqüentemente me envergonho da insignificância daquilo que chamei de luta ou tribulação, primeiro porque por onde passei nunca estive sozinho e segundo porque quando as encaro com a perspectiva de futuro, pela fé na certeza das promessas que Deus têm para mim, confirma-se o cunho leve e momentâneo de toda e qualquer provação (2Co 4:17).

Jesus foi muito claro, ele nos disse para não nos preocuparmos com o dia de amanhã, com o que beber, comer, vestir (MT 6:25-34). Já li este texto umas 100 vezes e ouvi um sem número de sermões baseados neste texto, uns bons, outros nem tanto. Mas é impressionante a facilidade com a qual me esqueço desta realidade e do cuidado especial que o Senhor dispensa para comigo, para conosco. Este cuidado estende-se a todas as circunstâncias da nossa vida já que tudo coopera ao nosso favor conforme Sua soberana vontade (Rm 8:18). Quando colocamos estas verdades em prática somos libertos de um jugo deveras pesado, e a partir daí podemos focar o que verdadeiramente deve ser feito para cumprir o nosso propósito em Cristo Jesus.

Temos que meditar e orar sempre ao Senhor no intuito de buscar o conhecimento do Seu propósito para as nossas vidas (Cl 1:9), à medida que vamos nos desvencilhando da ansiedade temos tranqüilidade para desenvolver o relacionamento com Deus, ouvir a sua voz e seguir em frente na certeza de que tudo o que Ele coloca nas nossas mãos está dentro da nossa capacidade (1Co 10:13). Se realmente ressuscitamos com Cristo o nosso foco deve estar nas coisas do alto e tudo o que fazemos enquanto somos peregrinos aqui deve cooperar para algo maior e que dura para sempre.

Infelizmente não conseguimos discernir completamente a vontade do Senhor, já que freqüentemente damos vazão às nossas vontades e desejos através da concupiscência da carne, da concupiscência dos olhos e da soberba da vida (1Jo 2:16), muitas das nossas empreitadas darão certo, amém, mas muitas também darão errado, aos nossos olhos, amém. O importante é seguir em frente buscando crescer a cada dia mais para alcançar a perfeição para a qual fomos chamados. Perseverar não é uma escolha para os que nasceram de novo, pois temos um alvo determinado que é o prêmio da soberana vocação em Cristo Jesus (Fl 3:12-16), por isto seguimos adiante.

Simplesmente não temas, confie no Deus vivo que cuida e capacita. Ele é um Pai bondoso para com os seus filhos, sabe o que você precisa melhor do que qualquer pessoa, inclusive você mesmo. Doravante acredite sem reservas nas promessas dEle e continue a jornada aguardando com grande expectativa aquele glorioso dia quando serás recebido por Jesus  que lhe estenderá os braços dizendo: “Entra para o gozo do teu Senhor servo bom e fiel”.

Saudações em Cristo,

Cláudio Maranhão