Circo ou Casa de Oração?

O secularismo está presente em nossas congregações, isto não podemos negar. A imitação de padrões comportamentais pagãos e adesão às práticas sem respaldo bíblico é clara. Os líderes da igreja de Cristo tem a grande responsabilidade de orientar o rebanho, instruir na verdade e zelar por ele como algo confiado pelo Senhor tendo a convicção de que um dia contas deverão ser prestadas. Cabe, e espera-se, que o pastor conduza o povo por pastos salutares e fontes de água limpa.

Contudo muitos têm sucumbido aos desejos carnais do povo em detrimento da vontade revelada de Deus em sua Palavra. O padrão apostólico é o modelo revelado para a igreja de Cristo independente da época, a pregação da Palavra, sempre Cristocêntrica, deve ser colocada na mais alta posição e por ela devemos ter primazia, pois ela é suficiente e eficaz, de maneira que métodos e estratégias são secundários, não devem ferir o padrão bíblico e jamais serão os responsáveis pelo “sucesso” de qualquer empreitada em favor do Reino de Deus, aliás, o oposto é que é verdadeiro.

Via de regra todos responderão positivamente quando arguidos se o padrão bíblico, e modelo neotestamentário, tem realmente sido levado em consideração na prática cotidiana. Todavia o proceder contradiz o que é dito, pois em muitas situações contemporâneas não encontramos amparo escriturístico e conformidade à instrução dos apóstolos para tal proceder. Questiono-me ainda se nos dias de hoje os apóstolos participariam do farto cardápio hedonista posto à mesa, ou se oporiam de forma veemente ao mesmo, e ainda se ao se opor, qual seria a postura dos que estão à frente de toda esta panacéia¹. Provavelmente algo como “não toqueis nos ungidos do Senhor” seria pronunciado e a postura clara seria da que os meios são justificados pelos fins.

Todavia sei que não é fácil, mas o que Deus requer é que todos os seus ministros sejam despenseiros fieis (1Co 4:1,2) e a Palavra é muito clara ao afirmar que todo aquele que quer viver piedosamente em Cristo será perseguido (1Tm3:12). Ainda que as pessoas não suportem a sã doutrina, devemos ser sóbrios e suportar os sofrimentos, mesmo diante de toda a oposição nossa obrigação é repreender, corrigir e exortar em amor, pois independente de qualquer coisa a palavra deve ser pregada, ensinada e vivida (2Tm 4:1-8).

Temos que fazer uma escolha, não se pode servir a dois senhores, ou agradamos a Deus ou agradamos a uma parcela do povo que está obstinado em seus pressupostos e valores distorcidos, pois estes não tem recebido a porção suficiente de alimento sadio, em parte por falta de interesse naquilo que é perene, em parte porque os que deveriam zelar pelo ensino e meditação bíblica tem negligenciado o retorno a Sola Scriptura. A voz do povo de forma alguma é a voz de Deus, e o que gera transformação verdadeira é o lavar regenerador do Espírito Santo através do conhecimento do evangelho, que é poder de Deus para salvar todo aquele que crê que Jesus Cristo é o Senhor.

Paul Washer certa vez indagou: “Você é realmente um cristão ou apenas faz parte do circo chamado igreja evangélica moderna?”. A partir desta pergunta somos convidados a inquirir-nos se nosso comportamento, atitude e iniciativa são de um imitador de Cristo, ou se nosso proceder confere-nos o título de artista circense, plenamente adaptado e pertinente a esta tenda que está lançada.

Que o Senhor tenha misericórdia de nós e que pela Sua graça sejamos capacitados a cumprir cabalmente a Sua vontade.

Saudações em Cristo,

Cláudio Maranhão

1. Pretenso remédio universal para todos os males físicos e morais, tudo aquilo que se considerava válido para resolver qualquer problema.

P.S.: Este post não tem endereço certo, destinatário específico, leia e retenha o que é bom, se tiver algo de bom. Sinto-me na obrigação de escrever diante de tudo o que tenho visto como “stand up gospel” ao invés da exposição clara e fiel das escrituras, “adoração extravagante”, teologia da prosperidade (doutrina das sementes), necessidade de “pontos de contato” e outros elementos. Escrevo baseado na Palavra, mas convicto que o convencimento é por conta do Espírito de Deus.