Disseminação de heresias através das "unções"

Certa vez ao final de um culto uma irmã me pediu um pouco de “óleo ungido”, fiquei pensando por alguns segundos olhando para ela, mas apenas pedi para que viesse na próxima reunião com um pequeno recipiente e lhe informei que o óleo não era ungido e sim para ungir. Não obstante algo importante aconteceu comigo neste momento, coloquei-me a meditar na simbologia veterotestamentária e neotestamentária da unção com óleo, bem como no valor e signo que a prática carrega consigo no contexto evangélico de hoje.

Avaliando a questão mais a fundo percebi que não deveria ser mais um a colaborar para que o povo que se chama de eleito e escolhido por Deus se mantivesse pendurado em mais esta muleta gospel. Contudo devo concordar que é mais fácil aceitar a prática proveniente do sincretismo religioso e forte herança do simbolismo católico a falar a verdade e ensinar a Palavra de Deus, entretanto se sou cristão quero que se cumpra em mim o que Jesus afirmou acerca de si mesmo:

“O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu para pregar o Evangelho aos pobres. Ele me enviou para proclamar libertação dos aprisionados e a recuperação da vista aos cegos; para restituir a liberdade aos oprimidos e promulgar a época da graça do Senhor” Lc 4:18,19 KJA

A unção neste caso remete à palavra chriõ (Dic. VINE pg. 1044) e refere-se a Cristo como “Ungido” de Deus, consagrado a Deus, enfim, nada de óleo. Nos versículos acima temos ainda a idéia de liberdade que provém do ensino do Evangelho, contudo a prática da unção de tudo e de todos, para tudo e qualquer coisa cria cativos, pois estes não estão sendo aperfeiçoados na verdade que é capaz de romper com os grilhões da religiosidade.

Não é meu objetivo apresentar a prática de unção presente no velho testamento, apenas ressalto que todos os rituais e práticas adotadas antes da vinda de Jesus serviram para apontar a realidade de tudo que se encontra nEle (Cl 2:7). Isto posto, quero apresentar o que o novo testamento nos traz quanto a unção com óleo:

- Unção com óleo para os enfermos (Mc 6:13; Lc 10:34; Tg 5:14)

Eruditos afirmam que Jesus permitiu que os seus discípulos utilizassem a unção com óleo nas orações pelos enfermos devido o costume judeu (Is 1:6), embora Ele mesmo não tenha utilizado em suas curas. Outra vertente é utilização do óleo com fins medicinais, mas na dependência da provisão da cura que vem única e exclusivamente pela vontade de Deus (e.g. Is 38:21).

Talvez você esteja se perguntando quanto à unção com óleo para consagração de bens e para nomeação de ministros ao serviço eclesiástico já que a prática é quase unanimidade no meio evangélico, pois hoje este costume não é privilégio apenas dos neo-pentecostais. Para a consagração de objetos não encontramos respaldo no novo testamento, além de que mostra-se que algo é consagrado à Deus pelas atitudes e conduta daquele que o possui e não pela quantidade e qualidade do óleo derramado. Quanto à consagração ou nomeação de ministros encontramos no novo testamento a oração com imposição de mãos e nada de óleo (At 6:6; 1Tm 4:14; 1Tm 5:22).

O fato é que para o bem do evangelho de Cristo e para meu próprio bem, pois um dia darei conta dos meus atos (Rm 14:12), decidi não ser conivente com aquilo que é senso comum, mas simplesmente não encontra respaldo bíblico. Desta forma temos que ter cuidado, já que a prática abre brechas e precedentes para que uma série de heresias encontre espaço nas congregações e banalize o Evangelho de Cristo como tem acontecido.

Abandone as muletas, viva o Evangelho puro e simples de Cristo, lembre-se que o seu ponto de contato com a fé é o Espírito Santo pelo qual você, que confessa a Jesus Cristo como Senhor e Salvador, foi selado para o dia da redenção (Ef 4:30).

Saudações em Cristo,

Cláudio Maranhão